COMO AS MÚSICAS DE NATAL DE ARTISTAS COMO MARIAH CAREY ALCANÇAM LUCROS MILIONÁRIOS
Segundo estimativa da revista Billboard, a artista lucrou R$ 6,7 milhões só com 'All I Want for Christmas Is You' em 2021
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A cantora Mariah Caray no rèveillon de Nova York, em 2017 - Foto: Amajobe Acervo |
Uma outra pesquisa, feita pela revista americana Billboard, mostra que o mercado de músicas natalinas movimentava, em 2021, US$ 177 milhões, o equivalente a R$ 878 milhões. Naquele ano, Carey, apenas com "All I Want for Christmas Is You", faturou US$ 1,36 milhões —ou R$ 6,7 milhões—, com 823 milhões de reproduções.
A numeralha é apenas uma reconfiguração de um nicho comercial explorado historicamente por outros artistas. Há séculos, as famílias se unem para ir aos concertos de Natal, tão comuns ainda hoje nas catedrais da Europa. Até então, o repertório se inscrevia no universo da música de concerto.
Nas décadas de 1940 e 1950, os anos gloriosos da indústria fonográfica, a música se popularizou na forma de um cancioneiro natalino. Naquela época, era uma tendência pôr no mercado discos com eixos temáticos, numa lida utilitária com a arte, própria da noção de produto cultural. A música deveria ser, então, uma trilha sonora para momentos da vida.
Frank Sinatra encabeçou o movimento, lançando, em 1948, "Christmas Songs by Sinatra", seu terceiro disco. Em 1957, chegaria às lojas o clássico "A Jolly Christmas from Frank Sinatra", mais tarde rebatizado como "The Sinatra Christmas Album".
Johnny Cash, Michael Bublé, Diana Krall e Bob Dylan, que é judeu, são alguns artistas que explorariam o filão comercial. No Brasil, a criação de um repertório próprio de canções natalinas aconteceu, em 1933, com o registro de "Boas Festas", escrita por Assis Valente, interpretada pelo cantor Carlos Galhardo. Com o tempo, esse repertório ficou esquecido. O disco "25 de Dezembro", lançado por Simone em 1995, quebrou o paradigma.
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"Sofri bullying", afirma Simone, com relação ao seu disco natalino - Foto: Amajobe Acervo |
"As gravações eram muito antigas e não tinham impacto comercial", afirma Max Pierre, que produziu o álbum. "Ninguém teve a coragem que a Simone teve de dar uma roupagem brasileira para sucessos estrangeiros e modernizar o repertório brasileiro." Ao todo, Simone vendeu mais de 1 milhão de exemplares.
Sua música tocava em todas as lojas, e a cantora, que faz aniversário no dia de Natal, se apresentava com frequência na televisão. Com o tempo, ela virou alvo de uma perseguição nas redes sociais. Os internautas faziam memes e criticavam seu trabalho.
"Foi um apedrejamento", lembra Pierre. Para Simas, há uma saturação do disco, mas existe, no Brasil, um preconceito contra a música de Natal. O historiador afirma que muitos jovens rejeitam a data para se insurgir contra a família, a religião ou até o mercado.
Há também quem simplesmente não goste da festa. Com o boom das playlists, Pierre, o produtor, lamenta a perda das informações contidas nos discos físicos, como o nome dos compositores e as letras das faixas. "Era bem mais charmoso", diz.
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